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 06/11/2011 | OUTROS

Primeiro dia de Virada Cultural animou público em Maragojipe (BA)

Jovens, idosos, adultos, crianças, turistas e visitantes estiveram na praça Conselheiro Antônio Rebouças, em Maragojipe, para o início da primeira Virada Cultural no estado da Bahia. A festa começou no Dia Nacional da Cultura (5) e deve terminar às 23h deste domingo (6), com atrações em sua maioria regionais, em manifestações artísticas que envolvem música, artes plásticas, fotografia, dança, cinema e atividades culturais, todos gratuitos e abertos ao público.

A virada acontece no ano em que o município foi escolhido como cidade da cultura no estado, após uma votação que acontece anualmente entre representantes do governo. A ideia, segundo André Reis, produtor da festa, "é que o município escolhido ganhe um mês de comemorações e atividades culturais. Em Maragojipe, além da Virada Cultural, uma programação foi preparada para todo o mês de novembro", afirma.

Apresentações
A festa começou por volta das 22h, com um desfile da fanfarra da cidade, acompanhada de parte dos mascarados que fazem o carnaval de Maragojipe. Por debaixo das fantasias e máscaras inspiradas na tradição carnavalesca de Veneza, na Itália, e em festejos africanos, as pessoas se "soltavam" aos sons de antigas marchinhas do carnaval baiano, ou até mesmo do instrumental de novos sucessos da axé-music. Os mascarados fizeram sucesso principalmente com as crianças que, desinibidas, pulavam, corriam e até se jogavam no chão, para acompanhar as brincadeiras dos homens e mulheres atrás das máscaras.

Para "Cornélio - O corno cultural de Maragojipe", ou Edvaldo Ribeiro, por trás da fantasia, se fantasiar é um ritual praticado há mais de três décadas, é "fazer parte da cultura da cidade".
A festa no palco montado especialmente para a Virada Cultural veio na sequência, com o show transformista de Salvador, Valerie O´rara, que confessou uma tensão antes da apresentação, mas ao final, falou da surpresa. "Eu cheguei aqui com um certo receio, por fazer um show de drag em um interior. Conforme vi que o público estava correspondendo ao espetáculo, relaxei e segui em diante", conta. O´rara comentou também a quantidade de crianças que estavam na frente do palco no momento do seu show. "Foram muitas, eu não esperava que seria assim. Foi incrível", disse.

Os shows performáticos foram a grande atração da primeira noite. Para Yasmim dos Santos Santos e sua amiga Kaila Raiara de Assis dos Santos, ambas de 10 anos, os shows de Valerie O´rara e Mitta Luz, que também se apresentou na sequencia, foram as grandes atrações do início da Virada Cultural maragojipana. "Dançaram tão bem, pareciam as artistas de verdade", contou a pequena Yasmim.

A festa continuou com o show de Jota Velloso, cantor e compositor de Santo Amaro, outra cidade do Recôncavo Baiano. Velloso tocou clássicos da música popular brasileira e nordestina, com referências a Luiz Gonzaga, além de canções próprias, como "Feiticeira". O show agradou aos mais velhos e mais jovens que mesmo com a pequena garoa que caía na cidade, permaneciam em frente ao palco, ou se abrigavam embaixo de árvores ou em alguns toldos espalhados pelo local.

Segundo André Reis, responsável pela produção do evento, a grade de programação musical da festa tentou trazer ao público artistas da região, uma iniciativa, de acordo com ele "para fomentar a produção da arte de Maragojipe, e das cidades circunvizinhas".

A iniciativa foi aprovada pelo estudante de cinema Augusto Pauli, de 21 anos. O jovem, que mora em Cachoeira outro polo cultural do Recôncavo baiano, mas é natural de Juazeiro, no norte do estado, acredita que "uma grade formada por artistas não tão conhecidos no cenário é uma maneira de incentivar a produção independente baiana". Opinião compartilhada por Ana Maria Souza, de 70 anos, natural de Maragojipe. Para ela, "pensar em músicas que agradem a todas as idades é uma iniciativa importante".

A noite seguiu com o show transformista de Mitta Lux, natural de Brasília, que trouxe de volta à frente do palco um público que já havia se dispersado, ou estava em alguns bares aos redores e em ruas vizinhas à praça. A professora Edvirges Santos dos Santos, de 47 anos, acredita que o sucesso da noite ficou por conta dos atores performáticos porque "a cidade tem uma tradição de respeito a todos. As apresentações foram muito bonitas", pontua. Apesar de não ter gostado da terceira banda da noite, a Rolystroly, porque, segundo ela, "fez o público dispersar por conta do pop-rock melódico", a professora disse que a virada cultural foi uma boa opção de lazer para moradores e visitantes da cidade. Na sequência ainda teve o show instrumental da banda Retrofoguetes, de Salvador, que conseguiram animar e fazer dançar um pequeno público que resistia às mais de 3h da madrugada.

A virada deveria prosseguir com uma banda que comandaria o Baile Black, mas, por conta do pequeno público que restava por volta das 4h, a organização decidiu dar um intervalo nos shows e recomeça-los por volta das 6h30 deste domingo (6), quando uma fanfarra circulava pelas ruas anunciando o retorno das atividades musicais. No período de interrupção dos shows, a Casa de Cultura do município permaneceu aberta para aquele público que ainda resistia e tinha fôlego para visitar exposições fotográficas e esculturas de artistas da região que foram exibidas no local.

Apesar do número de público do primeiro dia não ter sido o aguardado pelos organizadores, como contou o secretário Luís Carlos Brasileiro, neste domingo (6) a festa continua, e a programação promete, regada pelo sol que saiu no começo do dia, alavancar o número de pessoas na festa.

 

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