Notícia

 22/03/2013 | UTILIDADE PÚBLICA

Seca ameaça festa de São João na Bahia

A seca está provocando cancelamento da festa de São João em algumas cidades do interior da Bahia e, em outras, redução dos gastos, o que implica em uma grade de programação mais reduzida.

Em São Gonçalo dos Campos, o prefeito cancelou o evento e uma audiência pública de entidades representativas da população vai decidir, nessa sexta-feira (22/3), a realização dos festejos ou não em Senhor do Bonfim, um dos municípios baianos que abriga uma das festas mais tradicionais do estado. Já em Irecê, em reunião dos poderes executivo e legislativo, a decisão foi pela manutenção da festa.

A expectativa é grande, não só dos nativos como visitantes de outras cidades que muito apreciam o famoso São João de Senhor do Bonfim, cidade intitulada como a Capital Baiana do Forró. Na realização da audiência pública convocada pelo prefeito Edivaldo Martins Correia, nessa sexta-feira (22/3), no Salão da Câmara de Vereadores, estarão reunidos representantes do Ministério Público, da sociedade civil, do executivo e legislativo.

De acordo com o coordenador de relações institucionais da Prefeitura de Senhor do Bonfim, Custódio Barbosa, uma avaliação para a possibilidade da realização da festa será feita por estas entidades, porque a situação do município está séria devido à seca, embora algumas soluções para o problema já tenham sido iniciadas.

“O governo do estado está fazendo uma estrutura emergencial da Barragem de Porto Novo à cidade. Isto poderá amenizar a situação, pois a construtora tem um prazo de 45 dias para entregar as obras, inclusive está bem adiantada a construção, mas não se sabe se até o São João vai estar pronta. E também dependemos de muita chuva, pois os reservatórios estão vazios”, afirmou Custódio Barbosa.

O coordenador conta que a situação dos povoados nas redondezas de Senhor do Bonfim também é crítica e não há nenhum município perto em que possam disponibilizar de abastecimento, já que as localidades próximas como Capim Grosso, Jacobina, Jaguarari e Campo Formoso estão na mesma situação. “Como poderemos abrigar uma média de 40 mil pessoas que vêm para a festa, sem a água necessária?”, indagou.

Já o município de Irecê, onde se cogitou a não realização da festa, o presidente da Câmara Municipal de Irecê, Joilton Silva, após avaliação em reunião realizada pela prefeitura municipal, concluiu que o evento junino pode ser realizado. “Tive o cuidado de visitar alguns comerciantes e lojistas e todos são a favor dos festejos. Portanto, creio que o poder público precisa tomar as providências necessárias para formatar a festa e fazer a contratação das principais atrações”,declarou.

No caso de São Gonçalo dos Campos, o prefeito Antônio Dessa Cardozo “Furão” (PSD), enfatiza que o evento foi cancelado em decorrência da prolongada estiagem no município e explica que “construímos uma marca nacional, o São João de São Gonçalo. Mas, os efeitos da falta de chuvas na zona rural do município me levaram a cancelar o evento deste ano”, afirmou, acrescentando que, neste momento, sua preocupação maior é com os moradores da zona rural e a sede, pois os efeitos da seca atingiram fortemente a economia no município e a vida dos moradores do campo.

Distribuição de água atenua a estiagem

Desde 1998, a fim de atenuar os prejuízos causados pela estiagem, o Governo Federal, por intermédio do Ministério da Integração Nacional e do Ministério da Defesa, vem conduzindo o Programa Emergencial de Distribuição de Água, também chamado de “Operação Pipa”.

Tal atividade tem por finalidade complementar a distribuição de água potável no semi-árido nordestino e Norte de Minas Gerais, área conhecida como “Polígono das Secas”. O Exército Brasileiro, representado na Bahia e em Sergipe pela 6ª Região Militar, apoia as vítimas da escassez de chuvas, coordenando e fiscalizando a distribuição de água para o consumo humano, visando minimizar o sofrimento da população mais carente.

Atualmente, as Organizações Militares (OM) subordinadas à 6ª RM, sediada em Salvador, atuam em 204 municípios nos Estados da Bahia, Sergipe, Minas Gerais e Pernambuco. Os 1.289 carros-pipa, contratados e fiscalizados por esse Grande Comando, levam água potável e de boa qualidade a 1.007.817 pessoas (dados atualizados em 27 de fevereiro de 2013).

A Operação Pipa é uma ação subsidiária de auxílio à população, hipótese de emprego do Exército prevista na Lei Complementar nº 117. Para o município participar do Programa Emergencial de Distribuição de Água é necessário que declare estado de emergência ou de calamidade pública e que essa situação seja reconhecida pelo governo estadual e pelo Ministério da Integração Nacional.

Uma vez incluído no Programa pelo Ministério, por meio da Secretaria Nacional de Defesa Civil, o município passa a ser atendido por uma Organização Militar. Seguindo a cadeia de comando, os recursos necessários à distribuição da água são repassados ao Ministério da Defesa, Comando do Exército e, por fim, ao Comando de Operações Terrestres (COTER, sediado em Brasília). Este, por sua vez, descentraliza os créditos às Organizações Militares.

Entre a chegada dos recursos destinados ao apoio a um município recém-incluído e a efetiva distribuição de água decorre um prazo de sete a dez dias, necessário aos trabalhos de reconhecimento. As comissões informam às OM responsáveis pelo apoio os seguintes dados: localidades do município a serem atendidas; população beneficiada; possíveis mananciais para a captação da água e as distâncias a serem percorridas.

O alcance social do programa é inquestionável. Durante as visitas e inspeções das equipes de fiscalização, constituídas por militares da 6ª Região Militar, observa-se o elevado nível de satisfação das pessoas beneficiadas, que podem, durante a estiagem, dispor de água de boa qualidade e em quantidade suficiente para atender às necessidades básicas da família. Ajudar a minimizar o sofrimento da população é o maior incentivo ao trabalho. Levar a mão amiga do Exército aos nossos compatriotas é o nosso dever.

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