A América Latina e o Caribe têm as maiores reservas de terras
cultiváveis do mundo, por isso o cuidado e a preservação dos solos são
fundamentais para que a região alcance sua meta de erradicar a fome; os solos
são de enorme importância para a produção mundial de alimentos, mas não
prestamos suficiente atenção neste “aliado silencioso”, disse o Diretor Geral
da FAO, José Graziano da Silva durante o lançamento do Ano Internacional dos
Solos 2015 (AIS). A FAO é a responsável pela implementação do AIS 2015 no
âmbito da Aliança Mundial pelo Solo e em colaboração com os governos e a
Secretaria da Convenção das Nações Unidas de Luta contra a Desertificação
(UNCCD).
De acordo com a FAO, os solos saudáveis estão na base da
agricultura familiar, na produção de alimentos e na luta contra a fome e,
ainda, cumprem um papel como reservatórios da biodiversidade. Além disso,
compõem o ciclo de carbono, por isso que o seu cuidado é necessário para
mitigar e enfrentar as mudanças climáticas. “É essencial manter um equilíbrio
cuidadoso entre a necessidade de preservar os nossos recursos naturais e
expandir a nossa produção de alimentos. O Ano dos Solos visa gerar esta
consciência”, explicou Eve Crowley, Representante Regional Adjunta da FAO, que
destacou que no dia 5 de Dezembro deste ano se comemora o primeiro Dia Mundial
dos Solos.
Degradação perigosa
Apesar de sua grande importância, a saúde dos solos enfrenta
constantes e crescentes desafios. 33% das terras do Planeta estão degradadas,
seja por razões físicas, químicas ou biológicas, o que é evidenciado em uma
redução da cobertura vegetal, na diminuição da fertilidade, na contaminação do
solo e da água e, devido a isso, no empobrecimento das colheitas. “O fato de
que o solo não é um recurso renovável faz com que a sua preservação seja um
desafio ainda mais urgente: um centímetro de solo pode levar milhares de anos
para ser formado e este mesmo centímetro pode ser destruído em somente alguns
minutos por uma degradação devido ao manejo incorreto”, explicou Crowley.
14% da degradação mundial ocorrem na América Latina e no Caribe.
Esta situação é ainda mais grave na Mesoamérica, onde 26% das terras são
afetadas. Já na América do Sul, afeta 14% das terras. Quatro países da região
têm mais de 40% de suas terras degradadas e em 14 países a degradação afeta
entre 20% e 40% do território nacional. A degradação dos solos tem um impacto
negativo em muitas de suas funções como na produção de alimentos e na prestação
de serviços ecossistêmicos e suas principais causas incluem a erosão hídrica, a
aplicação intensa de agrotóxicos e o desmatamento. A degradação também está
associada com a pobreza: 40% das terras mais degradadas do mundo estão em zonas
com altos índices de pobreza. Os agricultores pobres têm menos acesso a terra e
à água, trabalham em solos pobres e com uma alta vulnerabilidade à degradação.
Crescimento da agricultura
De 1961 a 2011, a superfície agrícola na América Latina e o Caribe
aumentou de 561 para 741 milhões de hectares, com uma maior expansão na América
do Sul, que cresceu de 441 para 607 milhões de ha. Cerca de 47% das terras
cultiváveis da região estão cobertas por florestas, porém, este número está
diminuindo como resultado da expansão da fronteira agrícola. Mundialmente, 12%
das terras são utilizadas para cultivos agrícolas (1,6 bilhões de ha); 28% (3,7
bilhões de ha) correspondem a florestas; e 35% (4,6 bilhões de ha) correspondem
a pastagens e outros sistemas florestais.
Durante o ano de 2015, a FAO trabalhará com os governos, as
organizações da sociedade civil, o setor privado e todas as partes interessadas
para alcançar o total reconhecimento das importantes contribuições dos solos
para a segurança alimentar, a adaptação às mudanças climáticas, os serviços
essenciais dos ecossistemas, a mitigação da pobreza e o desenvolvimento
sustentável. (Fonte: Benjamín Labatut é jornalista da FAO para América Latina e
o Caribe. Site Envolverde)