A demora
na aprovação de pesquisas clínicas por órgãos federais fez o Brasil deixar de
participar de 112 estudos de novos medicamentos, segundo levantamento divulgado
nesta quarta-feira (9). O anúncio foi feito durante evento de lançamento da
Aliança Pesquisa Clínica Brasil, associação que reúne médicos, pacientes e
indústria farmacêutica, criada para discutir os processos de pesquisa no Brasil
e pressionar o governo para aprimorar a legislação e os procedimentos
relacionados ao tema. De acordo com a entidade, o prazo médio para a aprovação
de um estudo de uma nova droga é de cerca de um ano no Brasil, contra 60 dias,
em média, em países como Estados Unidos, Austrália ou nações europeias. Para
que uma pesquisa aconteça aqui, ela deve ser aprovada pela Comissão Nacional de
Ética em Pesquisa (Conep) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa). “Pelo tamanho da população e da economia, o Brasil costuma ser
convidado para fazer parte dos grandes estudos, mas como a pesquisa tem que ser
realizada ao mesmo tempo nos vários países participantes, nós acabamos perdendo
o prazo e a nossa participação é cancelada”, diz Vitor Harada, membro do comitê
gestor da Aliança. Segundo Sérgio Nishioka, coordenador de pesquisa
clínica do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, uma das
razões para a demora da aprovação é o baixo número de técnicos nos órgãos
responsáveis. “Na Anvisa, são seis ou sete técnicos para avaliar todos os
pedidos. Na Conep, são 26 membros, mas todos são voluntários”, conta. A Anvisa
afirmou que “reconhece o papel estratégico das pesquisas clínicas como forma de
trazer recursos e conhecimento ao País” e ressaltou que, em recente audiência
realizada no Senado, se comprometeu a apresentar proposta que possa melhorar os
prazos atuais de aprovação.