O Produto Interno Bruto (PIB) da Bahia cresceu 3,6% no primeiro semestre
deste ano, enquanto o nacional teve uma expansão de 0,6%. Os dados consolidam
uma tendência de descolamento do comportamento da economia baiana em relação à
brasileira, segundo análise do secretário estadual do Planejamento, José Sergio
Gabrielli, e do diretor-geral da Superintendência de Estudos Econômicos e
Sociais da Bahia (SEI), Geraldo Reis, que apresentaram os dados, na manhã desta
sexta-feira (31), em entrevista coletiva no auditório da Seplan.
No
segundo trimestre deste ano, o PIB baiano teve um crescimento de 2,6%, se
comparado com o mesmo período de 2011, enquanto o brasileiro ficou em 0,5%. Na
comparação com o primeiro trimestre deste ano, quando são eliminadas as
influências sazonais, o PIB baiano cresceu 0,4% no segundo trimestre. A alta é
determinada basicamente pelo crescimento no setor de serviços – com destaque
para o comércio varejista – e pelo setor de administração pública, que registrou
alta de 2%.
Gabrielli observou que os números foram computados até 30 de
junho. “Nos dois meses seguintes, os dados indicam melhorias nos indicadores”. O
resultado no PIB no primeiro semestre, disse, só reforça a expectativa do início
do ano de que a economia baiana teria uma expansão de 3,7% ao final de 2012. O
governo federal, por sua vez, prevê um crescimento de 1,7% para o país. “A
expectativa baiana não tem nada de otimista. Ela é solidamente constituída de
dados”.
O diretor-geral da SEI declarou que as taxas são bastante
relevantes, quando comparadas às do Brasil. “Elas consolidam a ideia de um
descolamento da economia baiana em relação à atividade econômica nacional, dando
consistência à projeção da SEI de uma taxa de crescimento anual de 3,7%, que
deve ficar também acima da taxa de crescimento anual da economia brasileira.
Vale ressaltar que essa tendência ao descolamento deve ocorrer também nas outras
principais economias do Nordeste”.
O PIB baiano é calculado com base nos
resultados dos grandes setores da atividade econômica: agropecuária, indústria e
serviços. O secretário do Planejamento destacou que o dinamismo da economia
baiana e nordestina tem uma tendência de aceleração, tendo como principais
segmentos o comércio, serviços e construção civil.
Os dois primeiros,
explicou Gabrielli, têm se favorecido do mercado interno, aquecido devido a
programas de transferência de renda direta para as famílias; política de taxas
de juros e endividamento, que permite que as pessoas comprem mais
eletrodomésticos, móveis e bens de consumo duráveis, e, por fim, o aumento da
renda, que possibilita a diversificação da cesta de bens consumidos, que passam
a incluir itens pessoais e serviços antes inacessíveis.
“O setor de
construção civil, por sua vez, está acelerado”. Ele destacou, no entanto, que
não se trata meramente do ramo imobiliário, mas predominantemente das áreas
comercial e industrial. “Isso é um indicativo das alterações que ainda não são
mensuradas nas pesquisas, mas que terão grande influência a médio e longo
prazo”.
Principais destaques
Comércio é o grande destaque, com uma expansão de 7,9%. O setor de serviços
foi, mais uma vez, o determinante para a taxa final do PIB baiano, seja pela sua
importância – 63% da economia baiana são serviços –, seja pela expansão
verificada no trimestre (4,5%). No ano, o setor de serviços acumulou uma
expansão de 4,7%.
Dentre os segmentos da atividade, o destaque maior
ficou por conta da expansão no comércio varejista, com crescimento de 7,9% no
trimestre e 7,2% no ano. De acordo com os dados da PMC-BA, o segmento de
equipamentos materiais para escritório, informática e comunicação registrou a
maior expansão no segundo trimestre de 2012 (51,7%), seguido por veículos e
motos (13,8%) e móveis e eletrodomésticos (12%).
Cabe destacar ainda o
crescimento no segmento de hipermercados e supermercados (4,1%) e material de
construção (6,4%). Os bons números do setor de comércio varejista são o reflexo,
em parte, do desempenho positivo do mercado de trabalho, que registrou, segundo
dos dados da PME/IBGE, uma taxa de desemprego média de 11,6% no primeiro
semestre, praticamente igual à do mesmo período de 2011 e à elevação do
rendimento das pessoas ocupadas, que, segundo a mesma pesquisa, registra uma
expansão de 7,8% em 2010.
Indústria relativamente estável e taxa da agropecuária influenciada
pela seca
No segundo trimestre deste ano, a indústria baiana registrou uma expansão de
0,2% na comparação com o mesmo período de 2011. O baixo desempenho industrial
baiano foi determinado, sobretudo, pela dinâmica negativa do setor de
transformação. No ano, o PIB industrial baiano acumula alta de 4%.
A
despeito do melhor desempenho, quando comparada ao Brasil, a transformação
baiana, que tem um maior peso no segmento industrial, teve queda de 3,6% no
segundo trimestre, acumulando uma expansão de 0,3% no semestre, reduzindo de
forma significativa os resultados do primeiro trimestre.
De acordo com
os dados da produção física mensal, comparando-se o segundo trimestre com o
mesmo período de 2011, a indústria baiana recuou 1,4%, sendo que quatro dos oito
segmentos da indústria de transformação influenciaram o resultado, com destaque
para produtos químicos (que recuou de 39,1% para -1,4%) e metalurgia básica (de
-1,0% para -19,1%).
Ainda dentro do setor industrial, destaca-se a
expansão na construção civil (4,4%). Essa expansão, apesar de ser em níveis
muito inferiores aos de trimestres anteriores, reflete o contínuo investimento
da economia baiana num importante segmento do PIB, que é a formação bruta de
capital fixo. Além disso, as bases de comparação, por serem bastante elevadas,
contribuem naturalmente para menores taxas de expansão do segmento. No ano, a
construção civil baiana registra uma expansão de 8,1%.
O PIB agrícola do
segundo trimestre apontou uma retração de 2,8% na atividade. No ano, a queda
acumulada é de 1,6%. A retração da atividade agrícola está diretamente associada
aos efeitos da seca que atingiu a Bahia desde meados de 2011, impactando
negativamente sobre a produção de cereais, em particular sobre a soja, que teve
queda de 1,6%. Mas, se for avaliada a seca no contexto nacional, os dados
apontam que seus efeitos foram mais graves nas lavouras do sul e centro-oeste do
país e nos estados de Pernambuco e Ceará.