O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou hoje, dia 04, a redução no limite de financiamento a projetos de investimento. Com regras mais rígidas, o banco cortou em 10 pontos percentuais a participação máxima do banco em projetos de investimento.
Em média, a participação do banco em projetos passará a ser de 70%. Setores considerados prioritários, como inovação, micro, pequenas e médias empresas e créditos sociais, terão um teto de 90%.
"Estamos desativando os mecanismos criados durante a crise", afirmou Cláudio Leal, superintendente. Um dos destaques é o endurecimento das regras de financiamento para capital de giro. Tradicionalmente, o BNDES atua como instituição de fomento no mercado de crédito de longo prazo. Com a explosão da crise econômica mundial em setembro de 2008 e o efeito posterior sobre a economia, o banco passou a atuar com mais força neste segmento para suprir a falta de crédito privado.
O banco financiará agora até 30% do capital de giro associado a um projeto de investimento com prazo de pagamento de até quatro anos. Até então, o limite era de 50% do valor do projeto com prazo compatível com o projeto, o equivalente a sete ou oito anos.
As medidas refletem não só a retirada gradual dos estímulos criados para manter o investimento do país em alta como também a necessidade do banco de conter o crescimento dos seus desembolsos. Para este ano, o banco estima um volume de desembolsos da ordem de R$ 145 bilhões. Para que isso ocorra, é preciso que o setor privado passe a atuar de forma mais significativa no mercado de crédito de longo prazo. O banco tem mantido conversas com o setor privado após o lançamento de um pacote de estímulo no final do ano passado para viabilizar a mudança.
NOVAS LINHAS
O BNDES detalhou hoje as novas regras do PSI (Programa de Sustentação do Investimento), que oferece juros mais baixos para a compra de máquinas e equipamentos. O programa passou por uma reformulação e a mudança incluiu o aumento das taxas e a criação de linhas específicas que oferecem juros mais em conta para setores considerados prioritários.
Uma das novidades é a criação da linha BNDES Pró-Componentes, que tenta minimizar o efeito da entrada de produtos importados, principalmente da China, e afastar o risco de desindustrialização. Os juros desta nova linha serão de 5% ao ano.
O mesmo patamar de juros foi usado em uma nova linha para estimular a aquisição de eletrônicos de tecnologia nacional. Há ainda uma linha de estímulo à inovação na engenharia com juros de 7%. Neste caso, o objetivo é tornar o país mais competitivo em disputas que envolvem empresas que atuam em diversos países. Um exemplo seria a disputa entre países para o desenvolvimento de um novo modelo de veículo de uma montadora.
Segundo Cláudio Bernardes, superintendente do banco, a transição entre a fase do PSI com juros mais baixos e a atual não vai paralisar a indústria. Inicialmente o PSI tinha o término previsto para março deste ano. O governo decidiu prorrogar o programa, mas mudar o seu perfil, que agora seleciona a oferta de crédito mais em conta para setores específicos.
Nas linhas vigentes os empréstimos para a compra de ônibus e caminhões passarão dos atuais 8% para 10% ao ano. Para as pequenas empresas, a compra de máquinas e equipamentos terá custo de 6,5% ao ano. Na mesma modalidade, as grandes empresas terão de pagar juros de 8,7% ao ano.
O fim do programa estava previsto para o fim de março, mas desde o início do ano já se comentava a hipótese de uma prorrogação com mudança de perfil. Até agora o banco já aprovou empréstimos de R$ 125 bilhões para o PSI, que tem orçamento de R$ 134 bilhões. A perspectiva de fim do crédito mais barato levou a uma corrida aos bancos em fevereiro de empresas interessadas em obter crédito pela menor taxa possível. Agora, os últimos financiamentos do PSI antes do reajuste das taxas serão decididas pelos agentes financeiros, que serão responsáveis por selecionar os projetos. O BNDES fará um rateio dos recursos disponíveis.
A nova etapa do PSI tem prazo previsto até o fim do ano e conta com recursos de R$ 75 bilhões. Para viabilizar essa nova fase, além dos recursos do próprio BNDES, o governo aprovou uma nova injeção de recursos no banco, no valor de R$ 55 bilhões.