As
plantações de algodão no oeste da Bahia sofrem com o ataque de uma praga,
o que afeta a produção na região. De acordo com o secretário da Agricultura da
Bahia, Eduardo Salles, a suspeita é que a praga, causada pela lagarta Helicoverpa
Armigera, já tenha provocado prejuízos superiores a R$ 1 bilhão e
compromete 228 mil hectares de algodão somente na Bahia.
A Seagri
afirma que, além das plantações de algodão, as lavouras de soja em nove
municípios do oeste baiano e em outros quatro estados brasileiros (Paraná,
Goiás, Piauí e Mato Grosso,) também são destruídas pela praga.
O
secretário esteve em uma reunião em Barreiras, no oeste do estado, na
sexta-feira (10) e conversou com produtores locais sobre o assunto. Em
entrevista ao G1 nesta segunda-feira (13), Eduardo Salles disse que
os produtores baianos levaram a situação ao conhecimento da Seagri há cerca de
dois meses e que o cenário atual é muito grave, podendo até comprometer a
próxima safra de algodão.
"Na
verdade, as informações que temos é que a Abin [Agência Brasileira
Inteligência] e a Polícia Federal estão envolvidas na questão de suspeita de
bioterrorismo. Isso nos foi falado em uma reunião. É uma praga que não existia
no país. Essa praga ela vem, qualquer agrônomo sabe que quando ela vem, entra
circunscrita por alguém. Ela não aparece em diversos locais ao mesmo tempo.
Acho que isso embasa a suspeita maior e acho que por isso colocaram a Abin e a
Polícia Federal no caso", disse Salles.
Segundo
o secretário da Agricultura da Bahia, grande parte da produção de algodão
está comprometida na região oeste. As lavouras da região sudoeste não
foram atacadas pela lagarta. Eduardo Salles afirmou que a grande preocupação no
momento é com o algodão porque a soja já está sendo colhida e não pode ser
pulverizada. Para tentar reverter a situação nas plantações de algodão, o
Brasil importou o produto agroquímico "Benzoato de Amamectina", que
deve ser usado para combater a praga.
"O
produto já está no Brasil, foi autorizada a importação pelo Ministério da
Agricultura e está sendo liberado para ir para a Bahia. Nós tivemos uma reunião
em Brasília, com o Ibama e a com a Anvisa e acordamos que será feito um termo
de referência para controle e monitoramento da aplicação do produto. Ele
[Benzoato de Amamectina] já e usado Japão, Austrália e Estados Unidos. Hoje a
única a arma eficaz que temos", disse.
De
acordo com o secretário, na Bahia, o produto vai ser usado em um projeto
piloto, que será feito em dez propriedades com plantação de algodão localizadas
nas cidades de Luís Eduardo Magalhães, São Desidério e Barreiras, todas na
região oeste. "Vamos fazer a aplicação em 10 propriedades, com
monitoramento e envio de relatório em 90 dias, para embasamento para o
futuro", afirmou.
Segundo
Eduardo Salles, a aplicação do produto não vai contaminar o algodão. Ele diz
que o Benzoato de Amamectina é usado em alimentos como o tomate, fora do
Brasil, sem registros de contaminação.
Para o
secretário, caso a praga não seja controlada, o Brasil pode entrar em caos
econômico. "A gente pode correr risco de, na próxima safra, o Brasil
sofrer um dano econômico muito grande. A importância [do algodão] é muito
grande para a indústria têxtil brasileira. A indústria téxtil é uma das maiores
empregadoras do Brasil. Ele tem uma competitividade de produção muito grande,
perde com logística e estrutura [para outros países], mas da porteira para
dentro, nenhum país tem compensação de custo com produção. A gente incomoda o
mundo com essa capacidade", disse o secretário da Agricultura da Bahia.