CÂMARA MUNICIPAL DE
IRECÊ

Municípios da RMS crescem mais que capital e importam os problemas

 06/11/2012 | PLANEJAMENTO URBANO

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) servem de alerta. Das 13 cidades que compõem a Região Metropolitana de Salvador, 8 registraram crescimento populacional em termos relativos muito superiores ao da capital baiana entre os censos de 2000 e 2010.

Outros dados também mostram que a RMS ganhou novas proporções com mais emprego, melhor renda, frota de veículos quase três vez maior e expansão do processo industrial para novas cidades. Mas, sem planejamento, cidades vizinhas a Salvador importaram os problemas da capital baiana: trânsito, falta de qualificação profissional e elevado déficit habitacional.

“A projeção desses índices mostra que há uma tendência de caos nos próximos anos porque as cidades menores, que crescem em um ritmo muito mais acelerado que Salvador, têm recebido parte dos imigrantes que antes escolhiam a capital como destino final. Se não houver investimento em infraestrutura e logística integrada entre os municípios, tudo ficará travado porque não teremos ruas e estacionamentos suficientes para as pessoas e os carros, além de todos os outros problemas decorrentes da conurbação urbana”, avalia Joílson Rodrigues de Souza, coordenador de disseminação de informações do IBGE.

De acordo com Luiz Caetano, presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), a integração entre os municípios ainda está muito longe de acontecer, porque falta uma visão mais macro para os gestores. Na opinião de Caetano, que também é prefeito de Camaçari, a segunda cidade mais importante da Região Metropolitana de Salvador, dois dos principais problemas comuns aos 13 municípios poderiam ser resolvidos com planejamento.

“Todos os estudos apontam que a falta de mobilidade urbana e a ausência de mão de obra qualificada são os grandes entraves para o desenvolvimento da região. Mas não adianta, por exemplo, uma cidade ter um ótimo sistema de transporte e outra muitos cursos de qualificação. É preciso que haja uma interatividade entre os municípios para que todos se beneficiem dos projetos bons e compartilhem experiências positivas”, afirmou. 

Prefeitos
Professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Gilberto Corso acredita que falta à RMS um órgão de planejamento e gestão para elaborar projetos comuns às cidades. “Hoje, sem gestão pública, muitos projetos concorrem entre si, o que é um absurdo”, disse Corso. “Os novos prefeitos têm legitimidade e deveriam reivindicar do governo a implantação do órgão de planejamento”, disse.

Ex-presidente da Petrobras e secretário estadual do Planejamento, José Sérgio Gabrielli reconhece que é preciso agir rápido para dotar a Região Metropolitana de Salvador de mais infraestrutura nas áreas de mobilidade urbana, tratamento de lixo, saneamento e ocupação do uso do solo.

Temos dois tipos de problemas na Região Metropolitana de Salvador: a cidade grande (Salvador) que cresce mais e as cidades menores que crescem mais rápido. Então, é preciso planejar e pensar em longo prazo, porque muitos projetos implantados há algumas décadas não funcionam ou estão saturados e a demanda por serviços eficientes é cada vez maior”.