Uma das tarefas dos deputados após o Carnaval será a análise de uma medida
provisória editada em novembro do ano passado que autoriza o refinanciamento de
dívidas de estados, Distrito Federal e municípios juntos à Previdência Social
(MP 589/12). A comissão mista que deverá analisar o texto antes de
ir a Plenário ainda não foi formada, mas deputados e senadores já apresentaram
98 emendas ao texto. A
maioria delas melhora as condições do refinanciamento, beneficiando estados e
municípios.
De acordo com as regras da MP, os débitos serão descontados diretamente da
parcela mensal do Fundo de Participação dos Estados (FPE) ou do Fundo de Participação dos Municípios
(FPM) a que o ente
federado tem direito. A retenção será equivalente a 2% da média mensal da
receita corrente líquida do estado ou município.
As prefeituras ou governos que fecharem os contratos de renegociação terão
redução de 60% das multas por atraso, 25% dos juros por atraso e 100% dos
encargos legais. Ainda conforme a MP, sobre as prestações mensais vão incidir
juros mensais, equivalentes à taxa Selic mais 1% de encargo.
Uma das emendas, do deputado Alfredo Kaefer (PSDB-PR), reduz a zero as multas
em caso de refinanciamento das dívidas, além de restringir os juros a 1% ao ano.
“Não se deveria cobrar multa de entes federativos pares, já que tudo faz parte
do sistema federativo. É o Estado brasileiro cobrando multa dele próprio. Além
disso, os juros deveriam ser somente uma correção do dinheiro, e não baseados em
taxas do mercado financeiro”, argumentou.
Kaefer e outros deputados também apresentaram emendas que estendem de março
para junho deste ano o prazo para que estados e municípios formalizem o acordo
de refinanciamento com a União. Segundo Alfredo Kaefer, a ideia é beneficiar os
novos prefeitos eleitos: “Muitos deles receberam as prefeituras desorganizadas e
precisam tomar pé da situação antes de definir diretrizes e metas para a nova
gestão.”
Retranca
Entre as quase 100 emendas, há propostas de
deputados e senadores de 12 partidos. A legenda com o maior número de emendas é
o PMDB (9), seguido do PSDB (7), PSD (6), PT, DEM e PP (4 emendas, cada). O
deputado Guilherme Campos (PSD-SP) acredita que o volume de propostas decorre da
situação financeira atual dos municípios.
“Todas as prefeituras, sem exceção, estão com suas finanças complicadas. Os
estados e municípios, principalmente na ultima década, sofreram muito com
mudanças na cobrança de tributos. Com o aumento das contribuições, e não nos
impostos, a União deixa de ter obrigatoriedade de fazer o repasse. Ao mesmo
tempo, aumentaram as responsabilidades atribuídas aos municípios sem a devida
compensação financeira”, explicou.
Campos lembrou também que as ações adotadas recentemente pelo governo federal
para impulsionar a economia acabaram prejudicando estados e municípios. Isso
porque o governo federal reduziu alguns tributos, como o Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI), o que teve repercussão no valor do FPM.
“A redução da carga tributária é correta, mas compromete a capacidade de
pagamento dos entes, o que prejudica a realização de obras e de investimentos de
que a população necessita”, lamentou o deputado. Em novembro de 2012 uma
comitiva de prefeitos veio a Brasília para alertar o governo federal. Segundo
eles, o impacto da redução do IPI no FRM chegou a R$ 1,5 bilhão.
A Medida Provisória 589/12 já tranca a pauta da Câmara e poderá ser votada na
semana que vem.