Itacaré, 25 mil habitantes,
localizada no litoral sul da Bahia, é considerada um dos principais destinos
turísticos do País. As belas praias e a natureza exuberante atraem turistas do
Brasil e do Exterior. Mas acidade não se mantém apenas com a atividade turística, o que resulta num número
elevado de pessoas desempregadas e em ocupações irregulares nos morros, já que
na última década houve uma forte migração para a cidade.
Para os moradores da cidade, a implantação do Porto Sul, projeto do
Governo da Bahia que terá investimentos de R$ 3,4 bilhões, é a
oportunidade de gerar um novo ciclo de desenvolvimento regional.
O Porto Sul está em fase de licenciamento ambiental pelo Ibama e, após a
realização de uma audiência pública que reuniu cerca de 3.700 pessoas em
Ilhéus, terá novas audiências públicas entre os dias 28 de maio e 2 de junho,
nos municípios de Uruçuca, Itacaré, Itabuna, Itajuípe, Coaraci e Barro Preto.
Com a concessão da licença ambiental, o Governo da Bahia e a Bahia Mineração,
que terá um terminal de uso privado, poderão dar início às obras.
“Precisamos de novos empreendimentos e o Porto Sul vai beneficiar o município, na medida em que vai gerar emprego e renda em toda a
região”, afirma o prefeito Antonio de Anisio, para quem a cidade, por estar
localizada a mais de 50 quilômetros do porto, não sofrerá danos ambientais.
“Vamos continuar tendo um turismo forte e podemos investir também no turismo de
negócios”, diz o prefeito. “O Porto Sul trará benefícios para a cidade, já que o turismo é uma atividade sazonal e o maior
empregador continua sendo a prefeitura”, diz o presidente da Associação de
Moradores do Bairro Pituba, Luiz Quadros.
O presidente da Cooperativa de Pesca de Itacaré, Agnaldo Grem, afirma que
“nós apoiamos a implantação do porto, porque ele irá gerar novos
empreendimentos e aquecer a economia regional. Não podemos ser contra o desenvolvimento e acreditamos que a
questão ambiental será equacionada com medidas compensatórias”.
Para Claudia Cruz, do Instituto de Turismo de Itacaré, “o Porto Sul é uma
necessidade para a região e é importante que o projeto seja debatido com a
comunidade, para que se conheçam os impactos positivos e negativos. O Governo
da Bahia tem agido com absoluta transparência, e isso a gente tem que
destacar”.
Antonio Eduardo Costa da Silva, operador de
transporte e turismo diz que “investimentos como o Porto Sul, a Ferrovia
Oeste-Leste e o novo aeroporto de Ilhéus vão dar um novo dinamismo à região,
gerando emprego e renda. Para o nosso setor, será bastante positivo”.
Para Fernando Costa Santos, da Associação de Cabaneiros de Itacaré, “o turismo
é a nossa vocação natural, mas o Porto Sul vai beneficiar a região como um
todo. Com a melhoria da renda, as pessoas irão gastar mais com atividades de
lazer e entretenimento”.
Uruçuca: da crise à esperança
Uruçuca, cidade de 23 mil habitantes
no Sul da Bahia, sofreu um baque no inicio da década de 1990. Foi numa fazenda
localizada na zona rural do município onde surgiram os primeiros focos da
vassoura-de-bruxa, doença que se alastrou rapidamente e em duas décadas reduziu
em cerca de 80% a produção de cacau, mergulhando a região numa grande crise
econômica.
O prefeito de Uruçuca, Moacir Leite,
afirma que “o Porto Sul é um projeto de grande importância para a região, pois
vai impulsionar o desenvolvimento dos municípios, gerando emprego e renda”. Ele
defende a realização de programas de capacitação, “para que os nossos jovens
possam trabalhar no porto e nos empreendimentos que serão atraídos para o Sul
da Bahia”.
A estudante Eliana Pereira dos Santos,
de 17 anos, que trabalha como vendedora de salgados e refrigerantes, espera que
“com o Porto Sul a gente tenha oportunidades de trabalho. Hoje é muito difícil
conseguir empregos aqui”. A esperança de Eliana é compartilhada pela professora
Leila Rosa, coordenadora das escolas da zona rural. “Hoje os jovens tem que
sair em busca de emprego em outras regiões. O Porto Sul e a Ferrovia
Oeste-Leste vão reverter essa situação”, afirma.
Onildes Maria da Rocha, presidente da
Ecovila de Serra Grande, que ocupa uma área de 99 hectares onde vivem 149
famílias, afirma que “somos favoráveis ao Porto Sul, para poder ampliar a
produção, já que as coisas vão melhorar na nossa região”. A Ecovila produz
feijão, milho, aipim, mandioca e hortaliças.
Joval Pereira, da Associação dos Pescadores de Serra Grande, diz que o turismo
é importante “mas só gera empregos na alta estação, por isso nós defendemos o
Porto Sul”. Segundo ele, “o porto não vai afetar a atividade pesqueira, porque
temos um governo que se preocupa com as questões ambientais”.
“O Porto Sul vai atrair
indústrias para a cidade, absorver mão de obra local e aquecer o comércio e a
prestação de serviços. É uma obra que vai mudar a vida da nossa cidade”,
ressalta Edelson Silva, presidente da Associação Comunitária de Uruçuca.