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Mário Negromonte deixa o cargo de ministro das Cidades

 03/02/2012 | POLÍTICA

O ministro das Cidades, Mário Negromonte, do Partido Progressista (PP), pediu nesta quinta-feira (2) demissão do cargo, que ocupava desde o início do governo Dilma Rousseff. A saída ocorre após uma série de denúncias sobre a gestão da pasta e a exoneração de outros dois servidores da cúpula do ministério. Leia aqui a carta de demissão entregue pelo ministro à presidente e divulgada pela assessoria do ministério.

Com a saída, Negromonte reassume o mandato de deputado federal pelo PP-BA. Ele é o nono ministro a deixar o governo Dilma - o oitavo por demissão (a exceção é Fernando Haddad, que saiu da Educação para disputar a eleição de prefeito de São Paulo).

Na última quarta (1), o deputado Vilson Covatti (PP-SC) disse que Negromonte estava desgostoso com o que chamou de "fogo amigo" dentro do partido. "Ele continuou tendo o fogo amigo, e acho que se desgostou com isso porque continuam as criticas. Ele continua sangrando sem necessidade", disse Covatti.

Vilson Covatti e outros deputados do partido, como Roberto Brito (PP-BA) e Waldir Maranhão (PP-MA), estiveram na tarde desta quarta-feira no gabinete de Negromonte, momento em que, segundo relato de Covatti, foram informados sobre a intenção da demissão. Negromonte aguardava apenas o retorno da presidente Dilma Rousseff do Haiti para oficializar sua saída.

A exoneração do ministro sucede trocas em postos próximos ao ministro. Nesta segunda-feira (30), o "Diário Oficial da União" publicou a exoneração do assessor parlamentar João Ubaldo Coelho Dantas. Na semana passada, o ex-chefe de gabinete do ministro das Cidades, Cássio Peixoto, foi exonerado após ter o nome envolvido em denúncias.

Em novembro, segundo reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo", ele pressionou funcionários do ministério a fraudar um parecer técnico que recomendava um sistema de transporte mais caro para Cuiabá na Copa do Mundo. Na época, a diretora de Mobilidade Urbana do Ministério, Luiza Gomide, negou a fraude. O ministro Mário Negromonte mandou abrir sindicância interna para investigar o caso.

Na semana passada, o jornal "Folha de S. Paulo" trouxe nova denúncia. Segundo a reportagem, o ministro e dois assessores participaram de reuniões com o dono de uma empresa de informática, que estaria interessado numa proposta milionária de informatização do ministério.

Desgaste
Desde o ano passado, Negromonte sofria desgaste no cargo, com denúncias sobre o comando da pasta. Em agosto, reportagem da revista "Veja" acusava Negromonte de oferecer R$ 30 mil a ao então líder do partido na Câmara para apoiar sua permanência no cargo. Em nota, ele negou a suposta oferta.

No mesmo mês, reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" mostrava que, em menos de dois meses, o ministério havia liberado R$ 1,035 milhão para o município de Glória (BA), cuja prefeita, Ena Wilma, é mulher do ministro.

Em novembro, reportagem da revista "Época" dizia que o ministro usou o cargo para obter patrocínio estatal para a Festa do Bode, em Paulo Afonso, reduto eleitoral de seu filho, o deputado estadual Mário Filho, no interior da Bahia.

Ao participar de evento do governo da Bahia naquele mês, Negromonte chorou e criticou os adversários e a imprensa pelas denúncias. Disse que era alvo de "fogo amigo", aliados que, segundo ele, teriam "interesse no ministério".

"As denúncias vieram de parte da imprensa certamente insatisfeita com o governo federal, [que quer] enfraquecer a presidente Dilma. É uma mulher, existe discriminação. Existe discriminação com nordestino. Fizeram uma ilação sobre a Festa do Bode. Se fosse Festa da Uva, da Maçã, certamente ninguém faria discriminação. Como a Festa do Bode é coisa de nordestino, o ministro é nordestino, tome cacetada", disse Mário Negromonte.