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MIGUEL CALMON

Salvador concentra 61% dos médicos do Estado

 26/02/2013 | SAÚDE
A Bahia possui a proporção de 1,25 médico para cada grupo de mil habitantes. Está abaixo da média nacional, que registrou uma taxa de dois médicos para cada mil habitantes. Os dados são da pesquisa Demografia Médica no Brasil: Cenários e Indicadores de Distribuição, feita numa parceria do Conselho Federal de Medicina com o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, divulgada no início da semana passada.

De acordo com o estudo, a Bahia alcançou em outubro de 2012 cerca de 18 mil médicos em atividade, sendo que 61% se concentram na capital. Por sua vez, 64,7% dos médicos atuam no Sistema Único de Saúde (SUS).

A pesquisa aponta ainda grande desproporção entre a quantidade de médicos que trabalham na capital e no interior: enquanto Salvador tem um índice de quatro médicos para mil habitantes, os cerca de 11 milhões de baianos do interior são assistidos por cerca de 6.980 médicos.

Precariedade - O presidente do Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb-BA), José Abelardo Garcia de Meneses, atribui o reduzido número principalmente à falta de estrutura e à baixa remuneração.

"O Estado é excelência em residência médica, porém, poucos profissionais permanecem na Bahia após os estudos, o mercado para o médico no Estado é um dos piores do Brasil. A infraestrutura para atendimento médico é precária. Faltam equipamentos, recursos humanos, melhor acolhimento dos profissionais. A ausência de todos esses fatores desestimula".

Disse que no caso dos médicos do interior a falta de estrutura é ainda pior. "Hoje, o médico precisa de recursos para oferecer uma medicina de verdade. Ele não atua sozinho. É preciso banco de sangue, Unidade de Terapia Intensiva, equipamentos para exames. Não basta grandes salários, precisa estrutura".

O presidente da Associação de Hospitais e Serviços de Saúde do Estado da Bahia (Ahseb), Marcelo Britto, disse que em alguns municípios o número de médicos é zero. "Algumas cidades não têm a mínima condição de trabalho. Em outras, as prefeituras prometem um alto salário para atrair o profissional, mas não têm condições de pagar por aquilo que prometeram. Por conta disso, a rotatividade de profissionais é grande".

O presidente do Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindimed-BA), Francisco Magalhães, defende a valorização e mais investimentos na carreira. "É necessário maior reconhecimento, é preciso investir em um plano de carreira para os profissionais", afirmou o dirigente. (Fonte: A Tarde)