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UAUÁ

Um terço na Bahia depende do Bolsa Família

 28/12/2012 | ECONOMIA
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A Bahia fecha 2012 como o primeiro Estado do País, proporcionalmente à população, em número de pessoas beneficiadas pelo Bolsa Família, programa do governo federal de combate à pobreza. Ao todo, 1,8 milhão de famílias receberam o benefício. Atrás da Bahia estão São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Elas foram incluídas no programa, entre os 2,8 milhões inscritos, por terem renda mensal de até R$ 70, isto é, estão na faixa de extrema pobreza, de acordo com o Ministério de Desenvolvimento Social Combate à Fome (MDS).

A média de integrantes por família, segundo a Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Sedes), é de

três pessoas. Isso significa que pouco mais de um terço da população do Estado (cerca de 5 milhões) é diretamente

beneficiada pelo programa.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Bahia conta com 14 milhões de habitantes.

O aumento médio de inscrições é de 100 mil famílias por ano. Neste ano, até novembro, foi registrado um crescimento de 300 mil. “O maior acesso a informação sobre o programa facilitou o cadastro, contribuindo para o aumento. Outro fator é o enquadramento de mais pessoas às exigências do MDS”, explica a coordenadora regional do Bolsa Família, Luciana

Santos.

Oito milhões de pessoas estão inscritas no cadastro único do governo federal, o que equivale a 58% da população do Estado, segundo a coordenadora que também informa que a inscrição não assegura o recebimento do benefício.

Dados do MDS atestam que, em novembro deste ano, o valor total transferido às famílias atendidas alcançou R$ 244 milhões.

A quantia, de acordo com a Sedes, responde por 2,04% do Produto Interno Bruto (PIB) da Bahia. “Cerca de 122 municípios do Estado são dependentes do programa. Com o benefício, que varia de R$ 32 a R$ 306, os inscritos podem ter acesso a bens que anteriormente não eram possíveis”, afirmou Luciana Santos.

Comércio

De acordo com o economista Armando Avena, o Bolsa Família ajuda a injetar anualmente cerca de 30 bilhões de reais anuais na economia o que mobiliza diversos setores econômicos. “As estatísticas apontam que, nos últimos três anos, o comércio vem crescendo 10% ao mês. O Bolsa Família é um grande estímulo para isso”, disse.

Avena lembra que esse crescimento mostra, por outro lado, uma faceta negativa: o seu caráter assistencialista e sem políticas que contribuam para os participantes se tornarem autossuficientes.

Para o economista, o governo federal ainda não conseguiu dimensioná-lo como um plano de caráter emergencial e temporário, conforme a proposta inicial.

“O aumento do número de pessoas cadastradas é a prova de que o programa não está funcionando. Se é emergencial, deveria exibir, gradualmente, uma redução do número de famílias inscritas”.

Cadastro

Na opinião do professor do Departamento de Ciências Políticas da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Alvino Sanches, a ampliação dos cadastrados se deve, principalmente, à grande quantidade de pessoas em situaçãode pobreza e extrema pobreza.

“Na Bahia, o problema demora mais para ser solucionado por conta das condições financeiras da população. Além disso, há facilidade de identificar essas famílias e de cadastrá-las, ao contrário de outros estados”, disse.

Para Sanches, o programa apresenta um impacto positivo em vários aspectos. “Mostrar às famílias a importância de manter os filhos na escola tem repercutido de uma forma muito positiva”.

 

Mulheres são 50% dos beneficiados

 

Mãe de dois filhos, a baiana de acarajé Hilda Maria dos Santos Mendes, 45, arrecada com a venda dos quitutes cerca de R$ 300 por mês. A quantia, segundo ela, é insuficiente para quitar as contas básicas da casa, como água, luz, telefone e gás.

Hilda, que é solteira e reside no Engenho Velho da Federação, só consegue pagá-las por conta dos R$ 134 do Bolsa Família, benefício que recebe há cerca de dez anos.

Com o dinheiro, a baiana de acarajé consegue comprar material escolar e a comida que garante a refeição da família durante o mês.

Estruturas familiares como a de Hilda são as mais comuns entre as 2,8 milhões de famílias baianas cadastradas para receber o auxílio.

De acordo com dados da Sedes, 50,4% dos beneficiados são mulheres, sendo que 54% deste número são mães solteiras, 79,5% são negros ou pardos e 27,1% são analfabetos.

Para a coordenadora estadual do Bolsa Família, Luciana Santos, o grupo formado por mães solteiras é o de maior vulnerabilidade, pois não tem uma situação financeira estável.

“Parte deste grupo é formada por pessoas com baixa autoestima, que não têm roupas, sapatos, nem dinheiro e, por isso, têm certa resistência de participar dos programas do governo federal para a erradicação da pobreza”, completou a coordenadora.

A baiana Hilda conta que receber o benefício é como um presente todos os meses.

“É uma satisfação. Pode não ser muita coisa, mas ajuda bastante e posso dar uma qualidade de vida melhor aos meus filhos”, contou.