Conhecido internacionalmente como o celeiro de grãos da Bahia, onde são produzidos café e soja de qualidade, milho com a maior produtividade do mundo, e algodão com fios tão bons ou melhores que os egípcios, o oeste baiano vem se destacando atualmente com outras culturas irrigadas, que despontam como o novo boom da região - a banana e o cacau irrigados. As áreas das duas culturas começam a ser ampliadas e já estão presentes em Luís Eduardo Magalhães, Barreiras, Riachão das Neves e Bom Jesus da Lapa, entre outros municípios. O mamão também é uma cultura em alta na região.
No Projeto de Irrigação Barreira Norte, localizado em Barreiras, às margens da estrada que liga ao município de Angical, onde inicialmente plantou caju e viu essa cultura fracassar, o agricultor Antonio Veloso, 65 anos, que já teve propriedades em Camacam e Pau Brasil, no sul da Bahia, utilizou a sua experiência de cacauicultor e iniciou a plantação de cacau irrigado, numa área de quatro hectares, no lote de 7,5 hectares.
Trabalhando de sol a sol, ele colhe hoje os resultados de sua visão. “O cacau irrigado já é realidade aqui. Mais quatro proprietários de lotes estão plantando mais de 20 hectares e também minha filha está preparando 7,5 hectares para o plantio. Não tenho dúvidas de que o cacau será o novo boom do oeste. Mas precisamos de assistência técnica e de linhas de financiamentos que nos permitam novos investimentos”.
Ao destacar a fruticultura irrigada como uma das prioridades da Secretaria de Agricultura da Bahia do Estado (Seagri), o secretário Paulo Câmera, com o apoio do superintendente de Desenvolvimento da Agropecuária (SDA/Seagri), Adriano Bouzas, está organizando uma missão à região para discutir a questão com os pequenos, médios e grandes produtores. A plantação de cacau de Seo Antonio Veloso tem a produção da ordem de 90 arrobas por hectare, consorciada com banana irrigada, com renda zera. “Estamos erradicando o que resta de caju e vamos ampliar a área de cacau”.
Sem vassoura-de-bruxa
Uma das importantes características do cacau irrigado do oeste é que está livre da vassoura-de-bruxa, em decorrência do clima. “Este fator é muito importante”, destaca o diretor geral do Instituto Biofábrica de Cacau (IBC), Henrique Almeida, enfatizando ainda que “o casamento cacau/banana é perfeito, especialmente nesse momento em que os preços desses produtos estão em alta no mercado”.
Especialista em cacau, Henrique Almeida afirma não ter dúvida do sucesso do cacau no oeste. Ele coloca o Instituto Biofábrica de Cacau à disposição para fornecer mudas de qualidade. O IBC é a única instituição na Bahia licenciada pelo Ministério da Agricultura (Mapa) para produzir e fornecer mudas de cacau. Para o presidente da Associação de Irrigantes e Agricultores da Bahia (Aiba), Júlio Buzato, a cultura de cacau na região é promissora, embora ele a considere em fase de teste.
Além de incentivar o cultivo de cacau na região, Antonio Veloso implanta em sua propriedade o sistema agroflorestal e faz crescer na região um pedaço da Mata Atlântica. Com mudas originárias do sul e baixo aul do wstado, ele já plantou em sua propriedade, inúmeros exemplares de Aroeira, Cajá Mirim, Jacarandá, Sapucaia, Ipê, Pau Darco e Pau Brasil.
Veloso está plantando também mudas de Teca (Tectona grandis), árvore nativa na Ásia, utilizada há séculos na Índia, Indonésia, Tailândia e outros países asiáticos e usada também nas indústrias moveleira e naval. O metro quadrado dessa madeira pode chegar a US$ 8 mil. No Brasil, é cultivada no Mato Grosso e o plantio comercial avança para os estados da região Norte.
Banana irrigada
Cultura já sedimentada em Bom Jesus da Lapa, no Perímetro Irrigado de Formoso, onde gera cerca de cinco mil empregos diretos e indiretos, a banana irrigada expande-se nos perímetros de Nupeba e Riacho Grande, no município de Riachão das Neves, e avança no Barra Norte, onde a empresa Portal do Oeste amplia sua produção, no Barreira Norte.
Responsável por esse projeto, o produtor Alexandre Moreira Maciel, explica que tem hoje 60 hectares de banana e está abrindo mais 12 hectares, plantando ainda 12 hectares de mamão formosa. A produção de banana, prata e nanica, chega a 40 toneladas/ano/hectare, toda ela comercializada em Barreiras, Correntina e Bom Jesus da Lapa, e ainda distribuída para o estado do Piauí. Alexandre cultiva ainda seis hectares de cacau irrigado.