LONDRES,
12 Nov 2013 (AFP) - O cigarro eletrônico pode salvar as vidas de milhões de
fumantes, afirmaram nesta terça-feira os participantes de uma conferência sobre
a rápida expansão deste dispositivo da qual participaram especialistas,
políticos e empresários.
No entanto, outros participantes destacaram que, por enquanto, não há
informações sobre os efeitos nocivos do dispositivo, particularmente a longo
prazo.
O cigarro eletrônico tem perdido a aura de artigo sofisticado e está ganhando
adeptos como uma forma relativamente eficaz de parar de fumar, com o apoio de
um número crescente de estudos favoráveis. As vendas dobraram e estima-se que
sete milhões de pessoas fumem cigarros eletrônicos.
"Os cigarros matam 5,4 milhões de pessoas por ano no mundo", avaliou
Robert West, professor de saúde mental e diretor de estudos sobre o tabaco na
Escola Universitária de Londres (UCL).
Segundo ele, o uso de cigarros eletrônicos pode salvar milhões de vidas, mas
seria preciso saber "se é possível alcançar esse objetivo e como atingi-lo
da melhor forma" possível.
Jacques Le Houezec, consultor em saúde pública e dependência do tabaco, afirmou
aos presentes que os cigarros eletrônicos contêm algumas substâncias nocivas,
mas seus níveis de toxicidade são de 9 a 450 vezes inferiores aos dos cigarros
de tabaco.
Já Deborah Arnott, diretora executiva do grupo de pressão antitabaco ASH,
considerou que os cigarros eletrônicos podem permitir avanços no campo da saúde
pública, mas advertiu que ainda não há informações suficientes acerca dos seus
efeitos, reforçando que a indústria do tabaco está começando a controlar a
fabricação de cigarros eletrônicos. "Muitas das maiores companhias de
cigarros eletrônicos já foram absorvidas", acrescentou.
"A ASH acredita que os cigarros eletrônicos têm um potencial significativo.
São muito menos prejudiciais que o tabaco", afirmou Arnott à AFP. No
entanto, "sem regulamentação, sua segurança e eficácia não estão
garantidas".
Além disso, segundo Arnott, "se chegam a ter agentes cancerígenos, não
veremos seus efeitos imediatamente, mas 10, 15 ou 20 anos depois as pessoas vão
morrer disso", acrescentou.
As autoridades sanitárias dos países ocidentais afirmam que ainda é prematuro
para avaliar os impactos a médio e longo prazo de um fenômeno recente como o do
cigarro eletrônico.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) sustenta que a segurança dos cigarros
eletrônicos não foi verificada cientificamente.
Mas os relatórios científicos e médicos destacam cada vez mais que sua
periculosidade é muito inferior à dos cigarros verdadeiros.
A OMS adverte que "também não foi provada cientificamente" a
eficiência dos sistemas eletrônicos de administração de nicotina para parar de
fumar.
Um estudo neozelandês publicado em setembro pela respeitada revista científica
The Lancet sustentou que o novo dispositivo é "pelo menos igual em
eficácia aos adesivos de nicotina" para ajudar um fumante a abandonar o
vício.
A principal crítica ao cigarro eletrônico é que, embora possa ajudar a
abandonar o tabaco, também pode incentivar o fumo em muitos jovens que nunca o
fizeram, criando dependência em nicotina e, por fim, levando-os ao tabagismo.