No momento em que o governo federal analisa conjunturas e discute
soluções para garantir o abastecimento de energia à população, os
reservatórios que atendem às hidroelétricas do Nordeste, sob
responsabilidade da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf),
atingem níveis preocupantes.
Na Bacia do São Francisco, o reservatório de Sobradinho está com volume
útil de 26,2%. Há um ano, este volume era de 42,1%. Já o reservatório
de Itaparica, na mesma bacia, o volume chega a 39,6%. Na bacia do Rio
de Contas, a situação ainda é mais preocupante: no reservatório da
Pedra, o volume chega a 7,5%.
Diretor do Centro Brasileiro de Energia e Mudanças Climáticas (CBEM), o
professor Osvaldo Soliano afirma que a situação do nível dos
reservatórios nordestinos torna-se ainda mais preocupante por conta da
previsão pluviométrica para a região.
"Não há perspectiva de chuva no curto prazo. Para completar, as eólicas
que seriam de grande ajuda num momento como este não entraram em
operação por falta de linha de transmissão", critica o professor. A
linha entre Igaporã e Bom Jesus da Lapa, que atenderia aos parques
eólicos da Renova Energia, ainda não foi concluída pela Chesf.
Secretário Estadual de Infraestrutura, o vice-governador Otto Alencar
faz coro e afirma que a seca que castiga a região desde o ano passado é o
principal fator de redução dos níveis dos reservatórios.
"Estamos alertas. Nos últimos meses choveu menos do que o previsto para
o período. Se a chuva não vier com força até abril, será aceso o sinal
amarelo em nível de Brasil", destaca Otto Alencar.
Indústria - O setor industrial baiano também vê o
cenário com preocupação. "O sinal amarelo está aceso, mas não
acreditamos que seja pelo risco de racionamento e sim para a ativação de
outras fontes de energia mais caras e com maior impacto ambiental",
afirma Reinaldo Sampaio, vice-presidente da Federação das Indústrias da
Bahia.
Sampaio, contudo, destaca que, segundo o Operador Nacional do Sistema
Elétrico, o nível de energia armazenada está 23% acima da curva de
risco, indicando alguma segurança no suprimento.
A assessoria de comunicação da Chesf foi contatada na tarde desta
segunda. Contudo, o superintendente de Operação da Chesf, João Henrique
Franklin, não retornou aos pedidos de entrevista da reportagem.
Em comunicado oficial datado de novembro de 2012, Franklin já alertava
para a necessidade de medidas para garantir os níveis dos
reservatórios, incluindo a conscientização da população para limitar a
ocupação de áreas das planícies de inundação