Apesar de reconhecer a necessidade de reduzir a inflação oficial (IPCA)
neste ano, o governo avalia que um índice acima de 5% é aceitável, para evitar
uma elevação muito forte da taxa de juros, hoje de 7,25% ao ano.
Governo afrouxa controle sobre gastos
públicos
Juros mais altos tendem a inibir tanto o consumo (o que tiraria a
pressão da inflação) quanto os investimentos, que a área econômica quer
preservar. O raciocínio é que aumentar a capacidade de produção e a oferta de
serviços, via investimentos, é importante tanto para acelerar o crescimento
quanto para controlar as pressões inflacionárias do consumo aquecido.
Nos planos do governo, a ideia é fechar 2013 com uma inflação um pouco
abaixo da de 2012 (5,84%), mas ainda distante do centro da meta (4,5%). Fala-se
em algo entre 5,2% e 5,5%, abaixo da projeção de 5,68% que consta da pesquisa
que o BC faz semanalmente com analistas.
O cenário do governo trabalha com quatro altas seguidas dos juros, de
0,25 ponto percentual cada uma, totalizando 1 ponto, o que faria a taxa Selic
passar dos atuais 7,25% para 8,25% ao ano.
Declarações recentes do presidente do BC, Alexandre Tombini, e do
ministro Guido Mantega(Fazenda) sinalizam que o novo ciclo de alta pode começar
já nesta semana, com 0,25 ponto.
A maioria dos analistas pesquisados semanalmente pelo BC, no entanto,
espera um aumento de 0,5 ponto percentual, só em maio.
De uma forma ou de outra, a equipe econômica trabalha com o cenário de
ajuste nos juros restrito a 2013, sem pressões no ano eleitoral de 2014.
Acredita-seque se, no ano que vem, com a economia num ritmo maior de
crescimento e inflação em queda, a discussão será o melhor momento de reduzir
juros.
(SHEILAD'AMORIM e VALDO CRUZ)