Em
entrevista ao Grupo RBS, nesta quarta-feira (6), a presidente Dilma Rousseff
comentou a sua desistência em ir aos Estados Unidos há dois meses, depois das
denúncias sobre a espionagem do país ao Brasil.
Para
Dilma, um pedido de desculpas formal seria necessário para que uma nova viagem
fosse agendada. "Eu iria viajar. A discussão que derivou dessas denúncias
nos levou à seguinte proposta para os Estados Unidos: só tem um jeito de a
gente resolver esse problema. Se desculpar pelo que aconteceu e dizer que não
vai acontecer mais. Não foi possível chegar a esse termo", afirmou.
Apesar
da indisposição com o governo americano, a presidente afirmou que as relações
comerciais e diplomáticas com os EUA estão mantidas. "Não há interrupção
de nenhum nível das relações tradicionais entre o Brasil e os EUA. Agora, não é
possível que, entre países amigos com relações estratégicas, não se leve em
consideração o fato de que não é possível espionar a presidente, assim como a
primeira-ministra. Não é adequado", reforçou.
Questionada
sobre a semelhança com a ação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin),
Dilma ressaltou que são dois casos diferentes. Nesta segunda-feira (4), o
jornal Folha de S.Paulo divulgou reportagem que dizia que o Brasil monitorou as
atividades diplomáticas da Rússia, do Irã e do Iraque, nos anos de 2003 e 2004.
A Abin admitiu as ações mais afirmou que "as operações obedeceram à
legislação brasileira de proteção dos interesses nacionais".
"Não
pode comparar o que a Abin fez em 2003, 2004, até porque segundo a Abin é
contrainteligência, porque achavam que tinha interferência em negócios
privados, em negócios públicos no Brasil, que foi preventivo e que não levou a
nenhuma consequência de espionar ninguém na sua privacidade. Não violou privacidade,
acompanhou atividades. Isso é previsto na legislação brasileira, não cometeram
nenhuma ilegalidade",afirmou Dilma.
Dilma
ainda comentou que o Brasil merece respeito à soberania e que não culpa o
presidente Barack Obama pelo impasse. "Acho que o presidente Obama ficou
bastante constrangido [...] Espionagem industrial não pode ter guarida em
nações civilizadas", concluiu.