A presidente Dilma Rousseff aproveitou seu pronunciamento para o 7 de Setembro
para anunciar uma "forte" redução das tarifas de energia elétrica, além de
prometer uma retomada do crescimento da economia no próximo ano e de defender o
modelo de concessões adotado por seu governo.
Em pronunciamento em rede nacional, Dilma anunciou uma redução média de 16,2
por cento nas tarifas de energia pagas pelo consumidor residencial, e até 28 por
cento de redução para o setor produtivo.
Sem dar mais detalhes, a presidente afirmou que as mudanças entrarão em vigor
no início do próximo ano e que serão formalmente anunciadas na próxima
terça-feira.
"Vou ter o prazer de anunciar a mais forte redução que se tem notícia nesse
país nas tarifas de energia elétrica das indústrias e dos consumidores
domésticos", afirmou.
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, já havia anunciado, em julho, a
intenção do governo de eliminar encargos que incidem sobre o setor. A redução
das contas, além de colaborar para reduzir as pressões inflacionárias, ajuda a
aumentar a competitividade da indústria.
A renovação das concessões que vencem a partir de 2015 também deve ajudar na
diminuição das tarifas, uma vez que o governo condicionará a prorrogação ao fim
do repasse, nas tarifas, dos custos relativos a investimentos já
amortizados.
A decisão do governo foi elogiada pelo setor produtivo.
Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a redução da tarifa de
energia elétrica "é um passo importante para diminuir o custo Brasil, aumentar a
competitividade da indústria e favorecer o crescimento da economia
brasileira".
A Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de
Consumidores Livres (Abrace) classificou a decisão de "histórica".
"A expectativa é de que, na média, a indústria passe a pagar 20 por cento
menos pela energia elétrica. Se essa redução se concretizar, com base nas
medidas que serão detalhadas na próxima terça-feira pelo governo federal, o
Brasil deixaria o topo do ranking das energias mais caras do mundo", disse a
entidade em nota.
Para Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, a medida
vem no "momento certo". "Mas... temos que lembrar que a energia é somente uma
parte do custo de se fazer negócios no Brasil", disse.
ARRANCADA
Em seu pronunciamento, Dilma aproveitou ainda para comemorar feitos de seu
governo, como a retirada de 40 milhões de brasileiros da pobreza, Ela afirmou
que o país se prepara para dar um "salto" de crescimento.
"Não se surpreendam que essa nova arrancada se dê num mesmo momento em que o
mundo se debate em um mar de incertezas", disse a presidente, creditando o
crescimento dos últimos anos a um modelo de desenvolvimento baseado em
estabilidade, no equilíbrio fiscal e na distribuição de renda.
"Como a maioria dos países, tivemos uma redução temporária no índice de
crescimento. Mas já temos as condições objetivas agora, para iniciar este novo e
decisivo salto cujos primeiros efeitos já serão percebidos no próximo ano e que
vão se ampliar fortemente nos anos seguintes", prometeu.
Em pouco mais de 11 minutos de pronunciamento, a presidente aproveitou para
defender o modelo de concessões adotado por seu governo, referindo-se
principalmente ao recente lançamento da Empresa de Planejamento e Logística
(EPL), que terá a função de cuidar do projeto integrado na área de
logística.
No mês passado, o governo federal lançou um pacote de concessões de ferrovias
e rodovias que prevê investimentos de 133 bilhões de reais ao longo de 25
anos.
Ela aproveitou também para atacar o que chamou de "privatizações" do governo
do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
"Ao contrário do antigo e questionável modelo de privatização de ferrovias,
que torrou o patrimônio público para pagar dívida e ainda terminou por gerar
monopólios, privilégios, frete elevado e baixa eficiência, o nosso sistema de
concessão vai reforçar o poder regulador do Estado."
Na segunda-feira, Dilma divulgou nota rebatendo críticas de FHC, que havia
classificado como "pesada" a herança recebida por ela após "estilo bombástico"
de governar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A presidente defendeu
Lula, chamando-o de "exemplo de estadista".
Dilma ainda comemorou a queda nas taxas reais de juros, aproveitando para
pedir novamente uma queda nas taxas cobradas pelos bancos e administradoras de
cartão de crédito.
"Bancos, as financeiras, e de forma muito especial os cartões de crédito
podem reduzir ainda mais as taxas cobradas ao consumidor final, diminuindo para
níveis civilizados seus ganhos", afirmou.