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BA: seca deixa 228 cidades em emergência e cancela São João

 03/05/2012 | ECONOMIA
 A seca que atinge a Bahia, considerada a mais rigorosa dos últimos 50 anos, fez com que 228 prefeituras decretassem situação de emergência e provocou o cancelamento da festa de São João em ao menos três cidades. A celebração junina, a mais importante do ano no Estado, é realizada tradicionalmente em todos os 417 municípios baianos.

A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cordec) estima em 2,6 milhões o número de pessoas afetadas pela estiagem. O município com maior população atingida é o de Feira de Santana, segunda maior cidade da Bahia, com 55 mil moradores diretamente prejudicados pela falta d'água.

Na última sexta-feira, a prefeitura de Miguel Calmon, localizada no semiárido baiano, desistiu de fazer a festa e foi seguida pela vizinha Várzea Nova. O prefeito da primeira cidade fez o comunicado durante uma audiência pública, enquanto o da segunda foi a uma rádio local anunciar a decisão aos moradores.

Logo depois, a prefeitura de Tucano, no nordeste baiano, suspendeu as festividades por meio de um decreto municipal. O prefeito destinou a verba municipal para medidas que minimizem a estiagem e avisou que empresários locais podem realizar o evento, desde que usem apenas recursos próprios.

Diante dos cancelamentos, outras cidades com tradicionais comemorações juninas devem desistir de fazer os eventos. O Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) reuniu na semana passada prefeitos e representantes das prefeituras em emergência e os orientou a desistirem das micaretas ou festas de São João enquanto a seca durar.

Na reunião, o presidente do TCM, Paulo Maracajá, avisou os prefeitos que eles estão sujeitos a investigação de uso não razoável de recursos municipais e determinou que todos os fiscais regionais do órgão exercerem dura vigilância quanto aos gastos nas cidades.

Uma das cidades que pretendia fazer uma grande festa mesmo na seca, Capim Grosso - também no semiárido -, voltou atrás. O prefeito Sivaldo Rios (PSDB) pretendia contratar a dupla sertaneja César Menotti e Fabiano para ser a atração principal da festa, mas, após uma reunião com os secretários municipais, concluiu que não havia dinheiro para tal. Ele prometeu ainda esta semana dar um veredito final sobre a situação. A jornalistas da cidade, o gestor declarou que, se não cancelar de vez o São João, realizará o evento com uma verba bastante reduzida e contratando artistas da região.

O PMDB estadual emitiu na tarde desta quarta-feira um comunicado aos prefeitos do partido que decretaram emergência nos últimos meses e pediu que todos cancelassem o São João. Segundo a nota, os gastos públicos municipais deverão ser priorizados para o combate à seca enquanto a situação não for solucionada. O documento foi assinado pelo presidente estadual do partido, deputado federal Lúcio Vieira Lima.