O modelo
de integração entre os programas estaduais de merenda escolar e da agricultura
familiar está sendo apresentado para mais de 300 representantes de 38 países da
América Latina, África e Ásia, durante o Fórum Global de Nutrição Infantil. A
15ª edição do evento está sendo realizada, na Costa do Sauípe, município de
Mata de São João, até sexta-feira (24), pela Fundação Global para a Nutrição
Infantil. Na quinta, 250 representantes de países participantes do fórum
visitarão escolas, cooperativas e propriedades na área rural.
É a primeira vez que o Brasil sedia o Fórum, aberto nesta segunda-feira (20),
com a participação do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, do governador
Jaques Wagner, dos secretários estaduais de Relações Internacionais, Fernando
Schmidt, e do Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza, Moema Gramacho, e o
embaixador Fernando Abreu, diretor da Agência Brasileira de Cooperação do
Ministério das Relações Exteriores.
“Para nós é motivo de muito orgulho que um fórum desta dimensão social seja
realizado no estado. Somos a cidade (Salvador) mais africana fora da África.
Então, é um cumprimento muito especial para os amigos africanos que, na Bahia,
devem se sentir em casa”, disse o governador.
Segundo ele, a Bahia é o estado com maior população rural do país, com 650 mil
famílias vivendo da agricultura familiar. “Na Bahia, pelo menos 30% do
investimento em merenda escolar é feito junto à agricultura familiar,
melhorando a qualidade dos alimentos e dando sustentabilidade ao pequeno agricultor”,
contabilizou.
Wagner afirmou que atualmente, na Bahia, 25 cooperativas de produtores
familiares fornecem merenda escolar e outras 150 estão sendo preparadas para
comercializar os produtos para o Estado. De acordo com ele, o investimento em
alimentação escolar, em 2006, era de R$ 26 milhões. “No ano passado, investimos
R$ 84 milhões e o orçamento para este ano é de R$ 106 milhões”.
Visitas a quatro comunidades baianas - O diretor do Centro de Excelência contra
a Fome do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas, Daniel Balaban,
informou que os representantes dos países vão discutir, durante o evento, os
melhores caminhos e experiências e como concretizar a criação de programas de
alimentação para as crianças nas escolas, tendo por base a experiência baiana.
“Organizamos quatro visitas a comunidades diferentes da Bahia, que têm
experiência na área de agricultura familiar ligada à alimentação escolar. Eles
vão ver como são produzidos os alimentos pelos agricultores - negociados pelas
cooperativas - e chegam às escolas”, disse Balaban.
O diretor destacou que os visitantes terão oportunidade de almoçar em algumas
escolas, conversar com as crianças e ver como os alunos se alimentam no estado,
que é um exemplo de alimentação saudável nas escolas. “Como a Bahia é o mais
africano dos estados brasileiros, e a maioria dos países aqui representados é
africana, eles têm que se sentir em casa e saber que é possível fazer”.
Destaque no combate ao analfabetismo - O ministro da Educação, Aloizio
Mercadante, avalia que “o Governo da Bahia tem atenção especial com a
alimentação das crianças, servindo, em todas as escolas, refeições balanceadas
e com qualidade nutritiva, sendo que os alunos das escolas de tempo integral
recebem três refeições por dia. Isso ajuda no desenvolvimento pleno das
crianças”.
Segundo ele, o fórum está sendo realizado no Brasil porque a experiência
nacional se destaca entre as melhores avaliações no mundo, na questão da
alimentação escolar. “Nós servimos hoje 130 milhões de refeições por dia, um
exemplo de qualidade, gestão e controle. A Bahia é o que há de melhor nesta
experiência que o Brasil apresenta”.
Para o ministro, a Bahia tem feito esforço também no combate ao analfabetismo,
conseguindo tirar mais de um milhão de pessoas desta condição. “Temos ampliado
aqui nossas universidades, o estado vai ganhar mais duas universidades
federais, estamos expandindo os institutos tecnológicos federais e vamos criar
um instituto específico para cuidar da relação Brasil-África”, enumerou.
O governo federal está impulsionando a formação tecnológica e profissional na
Bahia, segundo Mercadante, por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino
Técnico e Emprego (Pronatec). “Temos ainda avançado muito, em parceria com o
Governo do Estado, na implantação de escolas em tempo integral e de creches, e
estamos melhorando com isto as condições da educação”.