Mais de 60% dos municípios baianos já decretaram situação de
emergência em razão da seca no estado. Conforme dados da Defesa Civil, a
estiagem prolongada, na Bahia, atinge 251 cidades e 2,9 milhões de pessoas. Nos próximos quatro meses, a
situação pode se agravar ainda mais e atingir mais de 260
municípios.
Segundo o coordenador da Defesa Civil, Salvador Brito, se a
situação continuar assim, os soteropolitanos correm o risco de precisar racionar
água. “60% do abastecimento da capital baiana vem de Pedra do Cavalo, bacia do
rio Paraguaçu que está bastante prejudicada pela seca, a
barragem está perdendo água para o consumo da população e não está repondo,
então, a tendência é o racionamento”, explica.
Os quatro últimos municípios que entraram para a lista dos mais afetados
pela falta de chuva, foram Santana e Baianópolis, no oeste baiano, Ribeira do
Pombal, no nordeste e Ituaçu, no centro-sul. Os números gerais correspondem a
90% das cidades que compõem o semiárido baiano com um total de 265 municípios.
De acordo com dados da Superintendência de Estudos Econômicos e
Sociais da Bahia (SEI) a agricultura e o setor de serviços de todo o estado
poderão sofrer um prejuízo de até R$ 7,7 bilhões se não chover no estado até o mês de agosto. Um
levantamento da SEI revela que 60% dos estabelecimentos agropecuários da Bahia,
cerca de 446 mil, estão nos municípios em situação de emergência. Quem mais
sofre são as pessoas que trabalham na lavoura, mais de 2,2
milhões.
Maior produtor de leite do nordeste, com 1,2 bilhão de litros em 2011, a Bahia sofrerá uma redução de 50% em
sua produção, de acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado
(Faeb).
Presidente da União dos Municípios da Bahia, o prefeito de Camaçari, Luiz
Caetano, salienta que, “infelizmente chegamos a esse número de municípios dois
meses antes do pior período da seca, que geralmente acontece entre os meses de
setembro a novembro. E as coisas podem piorar se forem confirmadas as previsões
de que não ocorrerão as chuvas de novembro a março”, alerta.
Com base no aumento do número de municípios em situação de emergência e a
possibilidade da seca se estender para 2013, o prefeito Luiz Caetano destacou a
urgência das obras estruturantes no combate a estiagem.
“Se não
concluirmos as importantes obras estruturantes em andamento no estado, como as
adutoras de Pedras Altas e São Francisco, e conseguirmos mais recursos para
novas adutoras e a transposição de rios para abastecermos as barragens na região
do semiárido, com certeza, todos os anos enfrentaremos esse problema que assola
a Bahia”, destaca.
Para atuar emergencialmente no combate aos efeitos da seca, a UPB lançou a
“Campanha Seca na Bahia, Solidariedade Já!”, com intuito de captar recursos
financeiros para a compra de cestas básicas, água e arrecadação de equipamentos
junto às empresas e indústrias.
DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA - O coordenador da Defesa Civil,
Salvador Brito informou que desde março um comitê foi criado pelo governo para
acompanhar as ações de atendimento à população. “A prioridade é garantir a
distribuição de água para a população e para os animais, seja com caminhões
pipa, seja com a perfuração de poços e cisternas, também estão sendo
distribuídas cestas básicas para as famílias mais afetadas pela seca”, diz.
De acordo com Brito, ainda não há um diagnostico preciso sobre os
prejuízos na seca em todo estado. “Mas, o que podemos dizer com certeza é
diversificada, algumas regiões tiveram safras completamente perdidas, rebanhos
dizimados, atividades paralisadas”, lembra.
Conclusão de adutoras
Algumas cidades que estão fora da área rural também estão sendo
prejudicadas, a exemplo de Vitória da Conquista que há mais de um mês está em
racionamento de água devido à falta de chuva e o baixo nível dos reservatórios.
Em Salvador, a situação ainda é confortável, mas, pode se agravar.
Para minimizar os efeitos desta que é considerada a maior seca dos últimos
47 anos, Brito destaca que estão sendo concluídas as adutoras do Algodão, em
Guanambi, que pretende chegar até Caetité, do Feijão, que vai abastecer a
região de Irecê e do Ponto Novo que vai levar água a região do Sisal.
“Temos ainda o projeto Águas do Sertão, que abastecerá o nordeste do
estado e outros diversos sistemas de abastecimento, cisternas, perfurações de
poços artesianos e instalação de outros poços já construídos, mas fora de
funcionamento, além da entrega de 140 mil cestas básicas”,
acrescenta.
O coordenador explica ainda que dos 251 municípios que decretaram situação
de emergência, 247 já foram reconhecidos pelo governo federal.
“Outros
quatro estão na mesma situação de seca, mas, tiveram os decretos vencidos, se
fossemos somar todos, seria um total de 254 municípios que decretaram situação
de emergência, em 2012”, diz lembrando que os municípios decretam, o estado
homologa e a União reconhece